Filme: A Onda
Ana
Cristina Levy Ferreira,
Ednice
Silva Lobo
Gisele Miranda Ribeiro
Izabel
Gomes
Monteiro
João
Vieira
de Sá
Silvia Regina Rodrigues Maramaldo
FICHA
TÉCNICA
Título:
A Onda
Título
original: Die Welle
País:
Alemanha
Direção:
Dennis Gansel
Roteiro:
Dennis Gansel e Peter Thorwarth
Produção:
Anita Schneider, Christian Becker e Nina Maag
Língua:
Alemão
Ano: 2008
Elenco principal:
Jurgen Vogel (Rainer Wenger) Max Riemelt (Marco)
Maximilian Mauff (Kevin)
Christiane Paul (Anke Wenger) Jennifer Ulrich (Karo)
Maximilian Vollmar (Bomber)
Frederick Lau (Tim) Cristina do Rego (Lisa) Elyas
M'Barek (Sinan)
O
filme “A onda” faz uma abordagem sobre a autocracia, no qual o professor Rainer
é designado pela direção da escola para ministrar um curso sobre forma de
governo para uma classe de alunos do colegial. Este resolve fazer uma
experiência onde todos possam, na prática, “sentir na pele” o regime autocrata.
No
início do experimento, os alunos juntamente com o professor acordaram
comportamentos disciplinares e que se colocariam de pé para cumprimentar o
líder (supostamente o professor). Em seguida, determinaram que se vestiriam de branco, como uma espécie de uniformização.
Os
jovens foram além do esperado pelo professor Rainer, eles mudaram seus
comportamentos, assumiram atitudes repressoras contra os demais alunos que não
participavam da onda, inclusive fazendo pichações nas mais diversas partes da
cidade.
As
proporções que o movimento alcançou foram gigantescas, considerando-se os
propósitos do professor Rainer. Uma aluna e a mulher do professor observaram o
que estava acontecendo com os alunos e as consequências desvirtuadas do
movimento. Ambas tentaram dissuadir Rainer da ideia de continuar com o trabalho
e não conseguiram.
Num
jogo de polo aquático, ocorreu uma confusão entre os participantes do grupo e
alunos de outro curso. O professor Rainer reuniu todos os alunos e resolveu dar
fim ao grupo a onda, quando um garoto pertencente ao grupo de Rainer não
concordou com a decisão de seu professor, sacou de uma arma e atirou contra um
colega, e, em seguida, tentou atirar em seu professor. Rainer convenceu o aluno
de que sua morte deixaria o movimento sem liderança. Então, o aluno tira sua
própria vida com um tiro na boca.
O
professor Rainer é preso sob os olhares das pessoas, e, antes de ser condenado
pela justiça, é considerado culpado por tudo.
Neste filme, A Onda deixa claro que o Rainer Wenger (o professor) não realizou o planejamento da atividade referente à
autocracia - objeto do curso que estava ministrando na escola alemã - na medida em que propõe aos
alunos a vivência de uma sociedade autocrática. No entanto, a ausência de
planejamento estratégico torna o fato apenas uma experiência sem medir as consequências,
não observando a clientela em formação de personalidade, já que o ponto de
partida era o nazismo e como este poderia ressurgir na Alemanha. Deveria,
então, estabelecer a análise e pesquisa sobre as pessoas encarceradas no campo
de concentração e as consequências que esse tipo de regime foi para elas. A
partir dessas premissas, a proposta do experimento sobre autocracia, a onda
assim chamada pelos alunos, poderia ocorrer dentro de parâmetros seguros,
portanto alimentar e retroalimentar o experimento a partir de avaliação
conjunta e individual durante o processo do experimento.
Como a linha condutora do trabalho desse professor ficou a mercê dos
alunos, que tinham comportamento similar à juventude nazista na doutrina e,
inclusive, com atividades ligadas a propaganda (no filme, verifica-se através
das pichações estabelecidas na cidade na simbologia da onda). Como
consequência, assumiram uma postura opressora para com os demais colegas, de
acordo com a linha condutora da aristocracia.
E os roteiristas
encaminham os diálogos de forma que o professor poderia ter mudado a conduta ou
interromper o experimento com alunos a partir da análise de sua esposa, Anke Wenger (professora da mesma escola)
que observa o comportamento inadequado dos alunos na escola. Percebe-se aí
falha grave desse professor, pois o olhar externo apontou falhas que não tinhaM
sido observadaS por ele, e poderiam ser corrigidas com intervenção do
personagem Rainer
Wenger.
Esta
é a síntese de um drama inspirado em situações reais vividas pelos Estados
Unidos no final dos anos 60. A distância temporal dos fatos não diminui o valor
do filme que suscita reflexões pertinentes na área educacional.
Uma
delas é a figura do professor como líder. Mesmo numa sociedade como a
brasileira em que a instituições políticas e sociais desmerecem a figura desse
profissional, algum poder de influência ainda lhe resta. Aqui requer uma
atenção do docente em suas práticas diárias, com o tipo de pensamento que
compartilha em sala de aula. A postura, as ideias, a imagem do professor servem
de espelho ao aluno. No filme em questão, ratifica-se essa premissa.
A adesão ao projeto foi pautada pelo sucesso .
O professor constituiu-se como líder naquele universo estudantil, mas assim
como profissionais da vida real contemporânea, a personagem não se deu conta do
quanto influenciou e direcionou seu alunado para práticas além-muros escolares.
No enredo, a ideia que nasceu positiva como dinamizadora para apreensão de
conhecimentos, tornou-se nefasta pelo comportamento autoritário que os
estudantes assumiram, reforçando a ideia de negação de direitos aos grupos
considerados minoritários naquele ambiente escolar.
Outra reflexão é a maneira como o ser humano é
manipulável. E, em aceitando orientações constantes, rotineiras, internaliza a
tal ponto que age no piloto automático, não
se dando o direito de pensar/refletir, deixando na mão do outro o papel
principal que é gerir a partir de filtros reflexivos.